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o processo migratório do blogueiro amador

Eu respeito quem mantém um domínio por bastante tempo, ou segue usando o mesmo blogspot que iniciou em meados de 2000 e tantos, mas meu amor vai pra quem pula de blogue em blogue.

Cada blog iniciado, e eventualmente abandonado, é como uma cicatriz que vai dando personalidade a um rosto, como as marcas de espinha que afeiçoam o fim da puberdade.

Abandonar e começar uma mesma coisa mostra o ímpeto, a vontade latente que, não sendo tão digna quanto um esforço continuo e regrado, tem o charme aguerrido de quem só faz aquilo enquanto aquilo apaixona.

Eu sei o quanto dói ir de migração em migração, fazendo scripts que movem, renomeiam, trabalham os meta dados pra tentar acomodar a tralha antiga (também conhecida como o produto criativo) numa casa nova.

Sempre com aquele olhar novo, julgador, mas emocionado, lembrando da pessoa que era quando escreveu.

Com uma certa vergonha alheia de si mesmo, mas feliz por ter tido coragem de escrever aquelas bobagens que já não soam tão poéticas quanto na época da publicação.

Muito parecido com quem vive de aluguel, o blogueiro amador em processo migratório lembra do banheiro daquele apartamento, da sala espaçosa daquela casa, do editor WYSIWYG daquele site e de como foi ruim exportar um csv com os acentos ferrados ou os blocos de código mal formatados daquela plataforma.

Mas, enrolando ou não, chega o dia da mudança, e pra não atrasar o frete acaba se pegando o que pode, e o resto, aquelas postagens feitas pela necessidade de botar pra fora, acabam ficando pra trás.

#português #writing