Hacktativas de auto gestão
Coisas legais surgem quando pessoas de origens diversas se juntam, misturam ideias, compartilham objetivos, e possuem um espaço aberto que forneça o mínimo suporte pra que elas concretizem alguma coisa: eis o hackerspace.
Pra que essas pessoas se encontrem, é preciso ter um lugar pra ir. Pra ter um lugar, é preciso de um aluguel pra pagar. Pra pagar esse aluguel, um punhado de gente precisa se comprometer com uma causa.
Essa causa é um pouco injusta, pois quem contribui cede aos outros os mesmos direitos pelos quais ele está pagando. Desse desbalanço surge uma hierarquia.
E não só pelo aluguel, mas como consequência dele: quem contribui tem mais pele no jogo, tem um motivo a mais pra participar das atividades, pra sair de casa num dia de chuva, pra tentar melhorar o espaço, afinal, o dinheiro tá afundado mesmo, que seja bem usufruído, então.
Participar de um lugar auto gerido, sem presidente nem comitê pra mediar os conflitos dificulta bastante a execução de planos de longo prazo: decisões aprovadas por uma minoria podem ser questionadas na presença do grande grupo.
Mas nem todos desse grande grupo ajudam no aluguel, e só uma fração vai estar presente pra lidar com o impacto das decisões tomadas. É por isso que, naturalmente, a hierarquia se solidifica.
E o hackerspace, que surgiu de pessoas diversas, vai se tornando um equalizador: ficam as pessoas que tem ele em comum. Ficam as pessoas que aceitam o fardo da autonomia. Ficam as pessoas que sobem a escada hierárquica, e assumem o compromisso de moldar o ambiente, pra que ele atraia pessoas diversas. Pra que elas se juntem, e misturem ideias.
E com o aluguel pago, tenham o mínimo suporte pra concretizar algo juntas.